Mary tinha um carneirinho




Mary tinha o quê?

Mary tinha o quê?
um carneirinho?
Mary tinha era quinze aninhos
e andava louquinha pra namorar.

O problema que deixava Mary muito descontente
é que ela tinha aparelho nos dentes
Eu sei, eu sei, rima feia de rimar.

Mary tinha também o quê? uma agendinha?
Sim, não falei que ela era louquinha
pra casar?

E tinha o do Juca, o do Deca e o do Giba,
do Rafa não tinha não
porque do Rafa ninguém queria lhe passar.

Pena o aparelho, pena o aparelho nos dentes.

É...Mary tinha mesmo era só um carneirinho
E isso é tudo dela que por enquanto eu posso contar.

Mary namoradery

Mary não é bem o que se pode chamar
de uma boa moça
embora a rapaziada ache que ela é
uma moça muito boa
Não reza nem vai à missa
Usa decote e minissaia de montão
Mas isso não era nada
se ela não desse bola
pra toda freguesia do bairro.

Casado ou solteiro
viúvo deprimido
ou mocinho bonitão

Mary não tem amigas e tá pouco se lixando
mulher ela só confia na mãe
Pois sim! Amigas! Amiga mulher nunca existiu
É o que vive dizendo Mary por aí
Né não?

A fada grão-de-ervilha

Tive um quê de contentamento
mas bateu um pé de vento
ento, ento, ento...

Ganhei um lindo buquê de flores
mas dividi com admiradores
dores, dores, dores...

Armei uma cara de espanto
me colocaram num canto
anto, anto, anto...

Encontrei a fada grão-de-ervilha
e o mundo ficou uma maravilha
ilha, ilha, ilha...
(POEMA QUE MARY FEZ NA OITAVA SÉRIE)

Mileva

Mary pegou um ônibus bom
uau, que onibão!
O motorista era um homão
Uau, que motoristão!
Me leva, seu moço
Me leva sem rumo não...
Me leva pruma praia escondida
esquecida, perdida
e deixa toda essa cambada que está aqui
urubuservando
morrendo de inveja de mim
que tenho coragem de falar prum estranho assim:
mileva c'ocê, mileva bonitão!
E sorte pra você, que ficou com vontade
Que um dia voce pegue também esse onibão...
Só que vai demorar um pouquinho
Porque se depender da Maryzinha aqui
Tão cedo ele não volta, volta não...

O pretinho da Mary

Mary tinha um pretinho básico
de laicra, o seu coringa de sair pra caçar
que ia ficando cada dia mais apertado:
Mary não parava não parava de engordar.

Mary se enfiou no sopão e no sheikão
e tratou de parar de comer o que não fosse alface.

Mas Mary tinha um ex chamado Antonio
que encontrou na rua, e pá pá pá
e ela tava justo com o vestido justo
que ele, aliás, não parou de elogiar.

No motel ela pediu costelinha de porco
com arroz, feijão, linguiça, ovo frito, farofa
e banana frita à milanesa.

Varal de calças

Ali
li
Lee, lee, lee
Eu li sim, eu juro que li
Pernas ao vento
pernas isentas
de pensamento
Pernas vazias sem homem dentro?
tá cheio disso por aí...
Lee, lee, lee
Eu confesso que li
Ali tem lee
Ali,
li.
(EXERCÍCIO DE POESIA CONCRETA QUE MARY FEZ NO COLEGIAL, NA VERDADE QUEM FEZ FOI UM AMIGUINHO GAY DELA)

Mary emputecida

O Rafa passou agarrado na Cida
e deixou a Mary emputecida!
Como ele pode, como pode, ela dizia
Ontem tava todo assanhadinho pra mim
me chamou até pro churrasco na laje dele
e coisas do tipo. Falou até em descer pro litoral.

Mas nós sabemos que o que desceu mesmo
foi a mão do Rafa pelo decote da Mary, e
adjacências.

Mary perdeu esse carneirinho de boba que foi
Deu rápido demais. E tomara que desça
Não, ela não está falando do litoral.

Calcinha essencial

Tão essencial quanto imédia da loreal
e ter uma calcinha especial
praquele momento especial.


Quem não teve, ou quem não tem essa necessidade
precisa correr atrás do tempo perdido
seja você mocinha ou vovó passada


Calma, calma, estou falando com as meninas
Marmanjões, tratem de se controlar
ou saiam do armário de uma vez.


De repente voces podem
até
gostar.

O enroleichom

Não é todo dia que você vai representar seu melhor texto
Você nem sempre terá a melhor resposta a dar para o seu professor,
sua mãe, seu namorado
Não é qualquer sapato que veste o pé como uma luva
E aquela letra de música em inglês que você achou que sabia
É na verdade pura enrolação.

Mas mesmo assim
Vale a pena estar presente no cenário da vida

Olha, sua nota de química pode estar longe de ser a que você precisa
pra não ter a chateação de se explicar para o seu pai
Sua chapinha pode não ter chegado nem perto do liss daquela boba lá
E você nunca fez a mínima idéia do que é ter uma mesada

Mas vale a pena estar presente aqui,
mesmo que você não lembre o texto
e mesmo que nem tenha fundo musical.

Faça acontecer sua pequena mágica
Em qualquer momento pequeno que conseguir agarrar
(LETRA PARA UMA CANÇÃO DE ROCK QUE MARY FEZ PARA AGRADAR UM ROQUEIRO QUE ELA ANDOU PAQUERANDO)

Mary vai às compras


Mary adora ir às compras
peruar, peruar, peruar.
Cartões de crédito mis
gastar, e depois suar pra pagar.
Aquela blusinha que já sabe que não vai usar
os brincos, que não combinam com nada que
ela tem
a pulseira que não combina com a bolsa nem com o
colar
Mary volta pra casa já arrependida
e promete que nunca mais repete o ato
Mas o pior é que repete, ao primeiro desencontro
do primeiro desafeto
que encontra pelo caminho.
Lojas de departamento gostam muito de moças feito a Mary

O namoraldo ronaldo

Mary encontrou na rua um antigo namorado
Mas não lembrava não lembrava o nome dele
Ela ajeitava que ajeitava o cabelo
(Toda mulher acha que ajeitar o cabelo
ajuda a ajeitar as idéias)

E ele falava e aí?
e ela respondia: tudo bem, tudo na boa
- e você, conta aí?
conta você, ele dizia...

Nunca aquele cabelo foi tão ajeitado
e se não fosse o ônibus dela ter chegado
estavam nessa até hoje.

Isso que dá ter namorado meio mundo, ela pensava
enquanto sorria pro cobrador

A moça boa

Mary não é bem o que se pode chamar
de uma boa moça
Não reza nem vai à missa
Usa decote e minissaia de montão
Mas isso não era nada
se ela não desse bola
pra toda freguesia do bairro.

Casado ou solteiro
viúvo deprimido
ou mocinho bonitão.

Mary não tem amigas e tá pouco se lixando
mulher ela só confia na mãe
Pois sim! Amigas! Amiga mulher nunca existiu
É o que vive dizendo Mary por aí
Né não?

Mary tinha um caderninho

Mary tinha um caderninho
que acabou virando este blogue
Claro que Mary fala besteiras
Já não falei que ela é uma moça
hiper leviana e namoradeira?

Menina assim que todo carinha gosta
e Mary não é de ficar fora da fita
Se você não gostar do papo dela, vaza
O xis vermelhinho é serventia da casa.

Mary vestida pra matar

Mary deitou na cama e puxou o zíper
vestiu o topezinho, passou gloss
calçou tamanquinho
e saiu à rua vestida pra matar

É hoje, é hoje que eu pego o Rafa
Qualé a dele? é eu ou a Cida
E eu não vou dar mole pra ninguém não

A Cida se acha a última bolacha do pacote
com aquele peitão, um chester, isso sim.
Essa rua é minha, vadia aqui não leva ficante meu

E lá se foi a Mary, ultra decidida
cuidar do seu território armada de um jins agarrado, um top, um gloss
e um caprichado tamanquinho cor de rosa

(Sim, o que você está pensando procede
ela foi sem calcinha, of course.)

Desabafos da Biba

A Mary me convidou pra escrever aqui, eu disse, escrever o que, ela falou, ah, fala de música, eu sei que você é chegado em música, coisa que não ando confessando não porque falar sobre música é coisa de bicha velha, jovem não fala de música, jovem curte música, mas vamos lá.

Dizem que uma musica que se aprecia diz quem voce é. Sou obrigado a concordar, mas no meu caso é complicadinho, porque tirando funk, pagode nem todos, sertanejo moderno eu acho que gosto de tu-dô. Tem musica que toca no fundinho do peito, tem musica que toca no fundinho da mente, tem musica que toca nas lembranças que a gente não sabe mais nem explicar como o gosto do sorvete de máquina ou coquinho tirado do pé, ui, eu moleque, ou um vidro de perfume vazio esquecido quando a gente destampa e dá um tcham... É inegável que eu a-do-rô! a breguice romântica do É o amooooor lá dos dois bofes, a inocência da jovem guarda, (né do meu tempo não viu bem...) as trilhas de desenhos da Disney, daí já dá pra se sentir tipo um lance de recriar a infancia, mas gosto de infância numa boa, na moral, bem entendido. Também curto o brilho dos musicais da broduei, aquela coisa de tremendo impacto, orquestras xocantes, aquela homarada de smoking, ui! notas metálicas escorregando feito a seda dos vestidos da peruada.Música com cheiro de Chanel 5. Isso sem falar naquele lado jorge guerxuim (preguiça de escrever certo), amo tambem, adoro aquela coisa west side history que agora nem sei se é dele, mas enfim, aquele lado antigo da maçã, porgy and bess não sei se misturei as óperas. Hino nacional não, não gosto, mas aquela marselhesa retrabalhada por aquele coral do convento que esqueci o nome chega me arrepia. A tal da indiana até que gosto mas não me desperta muita coisa, as vezes sono, e eu não posso ter sono porque puxo muito pelo corpitcho. Glass, gosto, luxo! Mahler me transporta pra uma dimensão que eu desconheço, um mundo lá, totalmente estranho que não dá vontade de voltar, Mozart me rebrilha, purpurina pura, Bach me lembra Deus e isso me dá uma puta culpa, a pastoral de Beethoven eu acho que veio delivery do oitavo ceu, e Shubert, e Haydn, gente, como eu amo. Noturnos de Chopin não, acho frescura de bicha velha, aquela coisa de dedinhos encostando finissimamente no teclado, mas ele se equilibrou com as tais poloneses, então vamos dar um desconto pro bofe.

Então é muito dificinho, pra mim falar de música, eu gosto também de música boba, essas musiquinhas tolas são tipo pão com manteiga, fast food big mac, que eu curto pacas, então elas falam de mim muito mais do que essas todas que eu bati, até porque eu posso ter desfilado tudo isso aí só pra dá uma esnobada beje que conheço um pouco do babado.

Ah, não sou muito chegado a musica ensinante, não lembro nenhuma justamente porque nem me ligo, tipo essas letras de rock americano que querem te ensinar pegadas? vão se catá com seus baseado e suas carreirinhas de pó, não preciso que esses cheirados me ensinem nada.

(Bom, essa é uma parte da verdade, a verdade inteira é que tenho um inglês fajutíssimo, e uma preguiça incrível de tentar entender, inglês falado entendo melhor até porque sempre pinta bofe gringo)

Sim, uma enorme dificu! na locadora pra pegar filme sério acabo pegando filme de comedia romantica com loira e gato, filme de assistir no automático, filme rosa clarinho, o problema do filme pra mim é o momento do enrosco. Filme que tem enrosco do começo ao fim eu consigo encarar, dificil é aquele que começa tudo bonitinho e a gente começa a pressentir que lá vem o o enrosco do filme, vai dando nervo nervo até chegar, aí a mocinha é atropelada ou fica cega, o cara sofre de uma doença incurável e aí começa a trama, afe, detesto, isso aí é esqueleto de novela, começo meio e fim, filme bom é aquele que te leva bem costuradinho do começo ao fim, te prende mas não dá nos nervos, será que expliquei?

Livro mesma coisa, acho que é porque minha vidinha é um conflito só que nem aquelas caixinhas de labirinto? de ratinho? de laboratorio? então...não preciso ver isso escrito (mas tipo devia né, quem sabe não ensinava uma pegada nova...)

Mas não. Não tenho coragem de gastar manei com livro, tenho mania de usar o suadinho (literalmente suadinho se é que me entende meu bem) pra gastar com grife. Comprar best seller, eu? nem que me arranquem pelos pelos, pagar pra esses bofes?

Musica clássica também tem essa coisa do enrosco, tem hora que a musica meio que se enrosca nela mesma e a gente vai sentindo uma ponta de ansiedade, o bom é que ela acaba no tom, no tantam que o nosso coração espera, ela se resolve, faz um enorme love pra alma, mas o Glass consegue não fazer o tantam mas faz um bem rosaxoque pq será? Bi, você sabe quem é Glass? duvido...devo estar falando grego pra Maryzinha né?

Bom Bi, o que deu pra analisar (cruzes, euzinho fazendo análise no blog da Mary ) é que eu fujo do choque como o diabo foge da cruz, chegando a preferir assistir propaganda que novela pra não pegar nem aquela ansiedade agua de melissa, isso então foi encurtando pacas minha vida cultural, ainda bem que não ligo pra ter vida cultural, prefiro vida sexual, ah, quadro tela eu encaro numa boa, não me dão choque, vi uma de um cara que nunca vou lembrar o nome, era o desenho de um morro, mas o morro visto do mais alto ceu, mas não era o morro, era a energia do morro, tava escrito lá, os veios de ferro da montanha coisa louca de deixar a gente loucaço fiquei maior tempão parado e pirado na frente da tela essa sim quase me fez passar mal de emoção, mas eu aguentei firme pena esqueci, mas tá lá no maspão, costumo ir lá quando o Trianon tá fraco. Uma vez também eu chorei com um desenho de um gatinho, que parecia que cada pelinho tava separado do outro, a gente via que sentia o puf! dos pelinhos do gato, coisa linda de se ver, ô chorei...

(Vergonha é confessar que tenho enguiço de ir ao teatro principalmente se for monólogo porque eu morro de medo que eles errem a fala, dou de roer unha, mas tipo as vezes vou acompanhando alguma pessoa fazer o que...)

Mas eu misturei os assuntos né fofa? A verdade e que tudo isso aí fui aprendendo com os bofes, bofe culto paga bem e adora dar uma de teacher, como eu sou profissa, vou ficando ligadinho.

Eu gosto de tudo e não gosto de nada essa é que e a verdade, tirando bicho de todo tipo que amo de paixão, falei bicho, pássaro cachorro e gato de-mais, e cor, adoro cor, cor de rosa pra mim é TU-DÔ! e algumas poucas pessoas que é uma vergonha admitir que é porque preciso delas, o mundo eu quero que me esqueça, não sei lidar com esse mundo não. Vou vivendo.

Quimimporta o mundo, quisifoda o mundo a começar em mim, quieumefoda também porque eu mereço, em verde e amarelo, minha missão é não ter missão, putz, então é impossivel se livrar de uma missão, taí, gostei dessa

Afe, que terapia hem, mas brigado pela sessão; vai desculpando aí Maryzinha, cruzes, bloguei! Viajei, Bi.



Ah, e

A piada da velhinha

Dizem que brasileiro adora uma fila, e velhinhos então nem se fala. Pois é. A velhinha ia passando e viu uma fila, e foi logo entrando, de repente, nunca se sabe, ela deve ter pensado.

Mas ela perguntou pra um mocinho na frente dela, e ele ficou sem graça, porque a fila era pra distribuição de camisinhas. Falou, ah, vó, estão dando manga.

Quando chegou na vez da velhinha, o cara lá falou: nossa vó, a senhora ainda trepa?

- Ah, meu filho, trepar eu não trepo, mas se colocar na minha mão eu chupo...

Essa piada quem contou pra Mary foi o Carlão da borracharia.

Mary tinha um cacoete

Mary tinha um cacoete
ajeitar demais e demais o cabelão
truque manjado, claro, e aquele cabelo
estava bem precisado de uma desoxigenação.

Mas Mary não queria nem ouvir falar nisso

Imagina, pensava ela
quando o carinha descobrir que eu não sou loira
ele já tá pêgo, sou boba não.

A rapaziada empinada

Mary tinha uma mania:
conferir a bunda em toda vitrine que passava
O problema é que a calcinha precisava
marcar direitinho, mas as vezes entrava
é que Mary andava cheia de abundâncias.

Mary se arrumava de trás pra frente
o que importa é o que fica, ela dizia
e ela adorava passar e ficar na rapaziada
e olha, que a rapaziada ficava mesmo bem
empinada.

Mary não deu


Pra quem ficou interessado no caso Maryrafa
já vou logo avisando que não deu

Ela foi lá, ele não estava, e pior
lembram que ela foi de sainha
e sem calcinha?

Pois é, desceu.

Mary voltou pra casa com as pernas bem juntinhas
pensando: - que merda, fû - deu!

Mow sem noção

- Manhê, manhê, era o Joaozinho gritando do banheiro! Manda a vovó aqui segurar meu pingulim que eu quero fazer xixi!!!!!!

- Uai, porque tem que a vovó segurar?

- É porque a mão dela treme...



Essa piada quem contou foi o seu Honório taxista, Mary achou puta piada de véio, mas fingiu que achou graça, porque de vez em quando ele dá carona pra ela, tem dia que ele não cobra nada, tem dia que ela tem que mostrar os peitinhos. Coisa de véio tarado.

O cabelo da Mary não nega não

Mary é mulata do cabelo claro e duro
existe muito disso por aí
é culpa do holandês, diz o gay amigo dela

O nome do gay é Déo, tá?
então, culpado é o holandês, disse o Déo
e Mary ficou na mesma.

Na mesma não
Mary estica que estica
chapinha que chapinha
anti-frizz que anti-frizz
mas a raiz é implacável e o durinho volta.

Mais implacável é a Cida
a manicure do salão
que se torce de inveja da Mary
porque a Mary tem bunda, e ela não:

- Dá uma olhada bem de perto,
nas raizinha dela, aquilo é russo que só...

Russa vai ficar a situação da Cida
no dia em que a Mary se encher de fato
e bolachar aquela cara lustrenta
sem dó.

Capitu

Capitu, Capitolina
Capitu, moça menina
Não foi correto o que fizeste
Aos leitores do Brasil

Capitu, Capitolina
Onde o juízo que Deus te deu?
Morreremos sem saber
Qual dos dois corações foi teu?

Tiveste tu a coragem
De trocar menino Bento
Por profeta Ezequiel?

Capitu, Capitolina...
Foste sim mulher velhaca
Afogaste dois amantes
Nos teus olhos de ressaca

Esse poeminha a Mary copiou da agendinha do Déo, ele é meio metido a fazer poesia, o Déo é daquelas Bibas que têm inteligência mas não deram sorte na vida. Diferente da Maryzinha que não tem inteligência nenhuma, nem sonha o que é Dom Casmurro e dá uma sorte danada.

Mary de nosso sinhô

Mary é filha de Yansã
e leva isso muito a sério.
Faz oferendas nas cachoeiras,
leva lindas rosas vermelhas,
e ebó de feijão fradinho com quiabo e camarão,
no capricho e na emoção.

Um dia Mary entrou numa pentecostal
e o pastor (que andava louquinho atrás dela)
falou assim quando ela mal na entrada pisou:
- O sinhô tá me avisando que um sprito do dimônio aqui nesta igreja entrou.

Espírito do capeta, eu?
que tomo meus banhos de ervas?
que dou meus sete pulinhos?
que amarro minhas fitinhas
do Nosso Senhor do Bonfim?
"Sprito" mal tem esse corno aí
que dorme com aquela baranga
que duvido que saiba fazer assim, assim e assim.

E detalhava Mary, irritada,
pra quem quisesse escutar,
no meio da crentaiada.

Não passaram nem dois dias
Mary teve o pastor entre as pernas
Concedeu-lhe a honra, por assim dizer
Na hora de cobrar disse é nada não
Foi só pelo prazer de ver sua cara de trouxa,
seu pastorzinho de merda, santinho do pau bem frouxo.

Agora vai pra sua baranga de bons "sprito", vai
Vai ver se ela é capaz
de fazer o que a Mary aqui faz.
Gostou da amostra? Pois acabou.
Irmãozinho de cristo, vai dando sumiço:
Maryzinha pra você
foi só isso.

Mary aposta

Mary recebeu por sedex
uma linda caixinha em celofane rosa,
e pensando que era do Rafa
abriu toda contentinha, era bosta
e Mary foi chorando na casa do Déo.

- Cruzes! Não vou nem perder tempo com aposta
só mesmo a Cida pra te enviar
um pacote com bosta!

Faz assim, minha fofolete:
compra um maço de flores do campo,
faz um belo ramalhete
e manda entregar com este bilhete:
"- olha as lindas flores que plantei
com o adubo que de ti ganhei:
CADA UM DÁ O QUE TEM!"

E lá se foi a Mary, dando risada
dar conta da encomenda caçoada
enquanto o Déo foi se arrumar pra vida
e passando rímel falou rindo pro espelho
- Brigadinha, Dona Bêja pela dica que tu me deu
ler tua biografia pra alguma coisa me valeu.

Mary e a salsicha

Desde que entrou na pentecostal
e ouviu o pastor falando merda de sua pessoa
Mary não para de falar no assunto:
- Pode isso, o safado falar que eu tenho demônio
demônio o cacete, que aliás é o probleminha dele
e quando fala probleminha
faz gesto de pequenininho com a mão
simbolizando o pingulim do irmão.

O pastor, que se chama Ronivaldo
Ao meu ver está fudidão
porque cair na boca da Mary fora do motel
eu não aconselho a nenhum cristão

Foi a essa mesma conclusão
que o irmão Ronivaldo chegou
porque o cabra baixou as portas da igrejinha
só esperou pelo domingo da ofertinha

Parece que ele agora tem uma barraca
de cachorro quente
mas não escapou da língua da Mary, o impenitente
porque ela aprendeu com o Déo, o bicha, e vive repetindo
que homem que lida com salsicha
é porque tem algum problema no pinto
pendente.

Desabafos da Cida

Qué dizê que a Mary tem um brogui? Heim? Bologue, okei, bologue, claro, coisa de desocupada, coisa de vadia sustentada por tudo quanto é homem, mas pensa que eu não sei, ela não faz um O com o copo, isso pra nao falá outra coisa. Ela é burra, B-U-R-R-A!!



Até quando ela pensa que aquela bunda vai render? Será que ela pensa que vai tê vinteaninhos pra sempre?



Eu não, eu ralei. Mandava o nenê pra creche e ia estudar manicure, tirei o diploma na suada, trabalho, ME SUSTENTO! E qué sabê, não tenho culpa se é pros meus peitos que o Rafa vem, homem pode gostar de um loló, se bem que comigo não neném, eu já vou logo avisando, nem vem, mas então, o Rafa pode até pegar a Mary, coisa e tal, lá as coisas é fácil né, deu mole craw né não? Mas é aqui, ó, é na minha cama que ele termina a noite, porque aqui tem MULHER. E não uma puta que vive pendurada num bicha metido a sabetudo só porque leu uns livrinho besta, quero vê pagá as conta com os livro, dois tonto, pra lá e pra cá, nesse tal de notebuk brincando de orkut, msn, bologue, eu heim? tuit? Nem sei o que é isso, eu não tenho orkut nem msn, não tenho tempo pra essas bestages, tô pagando um computador nas casas bahia mas é pros estudos do Mateus, ralo que ralo pra botar comida na mesa, TRABALHO, não abro perna não.



Essa foi assim, a Cida deitou a falar mal da Mary no salão, e não sabia que o Déo estava gravando tudo escondido. Ele mostrou pra Mary, a Mary ficou puta, mas o Déo falou liga não fofa, aquilo é inveja, mulher com mais de 30 só quem quer é Balzac. - Quem? - Esquece, fofutcha, seu cabelo tá uma glória, você fez luzes?



Mas a Mary jurou vingança.

Tristeza de Mary

Depois de saber das fofocas da Cida

Mary no fundo ficou muito mexida

e anda meio a fim de recuperar

a inocência perdida, mas não falou nada pro Déo.





Mas que doeu, doeu.

Sera que é por isso que eu não pego o Rafa?

Quando eu era bem pequena

A gente brincava por esses matos

E ele sempre dizia: - Mary, é com você que eu vou casar.


O que foi que aconteceu, Deus meu,

Em que canto dessas esquinas

a Mary se perdeu?





Eu era tão pequenininha

eu era tão inocentinha

meu primeiro beijo foi o Rafa que deu

o aparelho dos dentes dele

se enganchou no meu...





É claro que Mary sabe exatamente

onde sua inocência foi perdida

Mary se encantou com a vida

e foi depois que sua mãe morreu.





- Seja uma boa menina, Mary

nunca deixe de rezar e ir à missa

disse a mamãe, e apagou

e ela bem que procurou o Rafa

e nos braços dele chorou


Sabem o que ele fez? sua virgindade

nesse dia ele levou.





- No dia do enterro da mamãe...

Isso Mary nunca perdoou.





Mas cabeça erguida, vamos em frente

que atrás vem gente (eu diria muita gente)

Mary olhou po espelho,

viu que era moça crescida

respirou fundo, se arrumou

e foi pra vida.




- Quer saber? que se foda a Cida

Estou pagando minhas contas, não estou?




A campainha toca, vai ver é o Déo

- Cruzes, princesa, que cara é essa, que bicho te mordeu?

- Nada não, disse a Maryzinha

Foi só um cisco no olho que me apareceu.

WordPad da Mary

Quando eu era pequena ouvia o povo chamando estrangeiro de gringo, pensava que tinha um país chamado Gríngia...

É foda cara, entrou no motel, os cara dão uma beijada rápida, uma chupadinha nas tetas e já vão forçando a viradinha. MORAL DA MARY: os caras só querem a gente de joelho e de costas, vão se fudê.

Falando em se foder, gozado né, a gente xinga as pessoas mandando irem se foder, ou seja: vá ter uma relação sexual. Mas sexo não é coisa ruim, xingamento de verdade é vá à merda, eu até tipo aumentava: vá comer um prato de merda velha kkkkkkkkkkkk pior que merda quente é merda fria.

Que é pra onde eu vou mandar a Cida logo logo, a Cida andando na rua qualquer dia tomba pra frente com aqueles dois chester que ela chama de peito e vive esnobando, boba ela, homem não enfia em peito não, espanhola já era, negócio é ter bunda neném.

Credo em cruz, só escrevi sujeira, anjo de Deus, que sois minha guarda, a quem fui confiada por celestial piedade, protejei-me, guardai-me, regei-me, governai-me amém, sinal da cruz, beijinho na mão amém. Rafa, lá vou eu, Epahei Yansã! Comigo vem.

Por sugestão do Déo a Mary começou a fazer terapia com a Dra.Laís Myamoto, uma japonesa. - Nissei, fofa, nissei. Pois é, nissei. A Mary gostou da salinha dela, os móveis bem arranjadinhos, os sofás revestidos de tecido com estampa floral, num canto uma espécie de mini cachoeira, aquele barulhinho gostoso de água caindo, ao lado, no chão, um quadrado de areia bem fininha, e tipo uns rodos, rodinhos, pra gente ir mexendo na areia, diz que relaxa a doutora falou, e uma música calminha, diz que é japonesa, tocando. E flores espetadas de um jeito esquisito, mas bacana, e uns quadros de papel fininho, a doutora falou que é papel de arroz, (papel de arroz??) e aqui e ali uns balõezinhos coloridos, lanternas, ela falou. A doutora falou pra Mary anotar os sonhos, e sempre que quiser, ir escrevendo qualquer bobagem que vier na cabeça, pra depois discutir na terapia, é o que a Mary está fazendo no momento.

Na primeira sessão a Mary falou do pai que não assumiu ela, e da morte da mãe. Quem está pagando as sessões é um tiozão com quem ela transa chamado Seu Aécio, meio broxão, mas gente boa.

Mary vai à terapia

Na segunda sessão de terapia, mal a doutora perguntou e aí? Mary desabou a chorar, e não parava, não parava, não parava, não conseguia parar. Mas Mary é espertinha, e sabe que o tempo corre, de repente eu pago e não falei nada. Sobre uma linda mesinha havia uma caixinha de lenços, da qual Mary se utilizou.


- Doutora, na verdade nem eu sei bem. Eu fiquei assim depois que vi a moça paralítica lá na novela, tetraplégica doutora, só pode mexer a cabeça de cá pra lá. E aí não paro mais de pensar nisso e chorar...


A doutora esperou passar um tempo para Mary se acalmar, e finalmente disse: Mary, isso é transferência. Em algum ponto, você se identificou com ela.


- Identificar, eu, imagina. Eu sou livre doutora, vou e venho, faço que faço, minha vida é uma pilha só...


- Fale mais sobre essa “pilha só”.


- Tipo: hoje acordei, arrumei meu apê, botei a roupa na máquina, consultei o saldo do banco, vi que um carinha não me pagou, sabe, ele contratou uma fantasia de enfermeira, fantasia é quinhentos paus, ele só pagou duzentos e cinquenta, disse que pagava o resto ontem. Peguei o telefone, dei um esbregue nele, disse que conto pra esposa e coisa e tal, e conto mesmo, e pior, mostro as fotos, porque no meu celu eu fotografo tudo na hora que o cara não está vendo. Depois fui a casa do Déo....


- Porque tanto você vai na casa do Déo?


- Ele me arruma clientes. - Cobra? Er, sim, as vezes. As vezes eu pago com serviço, vou ao Banco pra ele, ajeito a roupa, faço compras pra geladeira, uma mão lava a outra e...


- Sim, e aí, o que mais você fez?


- Dei um jeito no cabelo, na unha, separei a roupa que vou usar de noite, vou acompanhar um executivo...é...transar, é...


- Depois fui ao médico. - Você está doente? - Não, doutora, é que na vida que eu levo é preciso cuidar muito, tem cara que exige sem camisinha...


- É isso, arrematou a Maryzinha, e viu que o horário da sessão estava acabando. Que pena, pensou, e eu nem comecei.


- Então fica assim, disse a japonesa, ou melhor, a nissei. Você vai pra casa pensando em que pontos a sua liberdade – ou falta de liberdade – fazem de você uma espécie de tetraplégica psíquica, tetraplégica existencial.


- O que!!!

- Pense, Maria Puríssima, pense.


Se vocês pensam que Mary gostou da sessão, ela não gostou não, saiu de lá putíssima, tetraplégica existencial, eu??? Uma pessoa de luta feito eu, ela que vá se catá, não volto mais lá não.


Mas inexplicavelmente, ainda sentia uma puta vontade de chorar.


E vocês ficaram sabendo que o verdadeiro nome dela é Maria Puríssima. Maria Puríssima Del Carmen Fernandez, porque a mãe dela era espanhola.

Mary tinha um empreguinho


Mary conseguiu um emprego decente
Foi sugestão da doutora Laís, e na opinião de Mary
sugestão nada inteligente, mas ela foi
Era num escritório, lidar com notas fiscais
ser conferente.

Mary nunca podia imaginar
que existisse algo assim tão bobo
Códigos, cálculos, pesos, frete
- Essa mercadoria não existe
reclamou a moça da expedição
preste mais atenção.

E o tempo não passava
não passava
e não passava
e Mary contemplava da vidraça agora
o dia lindo que acontecia lá fora
e tinha saudades do seu gatinho Mei
do seu amigo Déo, e principalmente
do seu amigo de papel
o manei.

Quer saber, disse no final da terceira semana
Isso não é vida pra Maryzinha não
Eu fico trancada aqui dentro deste escritório bacana
pra ganhar num mês o que ganho numa noite fazendo programa
e sem passar nenhum tipo de chateação.

Passou no departamento de pessoal e retirou as contas
Isso aqui é vida pra gente tonta
A vida de programa pode não ser decente
Mas não escraviza assim o tempo da gente.

Pena a doutora, ela vai ficar desapontada
mas quem sabe eu não descubra algo diferente
que pague bem mas não leve em troca
o tempo todo da gente.

E lá se foi a Mary, em sua busca de cura
procurando um meio de fazer com a vida
aquilo que todo mundo procura.

Mary não é passarinho não

Ah, doutora, sinto muito, não dá não
eu não sou passarinho prá viver numa prisão
Mas Mary, dar sexo por grana é o que,
paixão?

Doutora, a senhora tá por fora
com o cliente é uma hora contadinha
depois, din-din na bolsa, é só vagabundar
Sabe onde eu fui semana passada? surfar!
A senhora, doutora, já surfou?

Mas Mary, eu garanti pro Dr.Nobuke
que você ia se esforçar, dar o seu melhor...

Ah, doutora, por isso não,
se a senhora quiser, eu dou esforçadinho pro Dr.Nobuke...

Não é isso, vê se me entende garota
Voce precisa buscar uma vida normal

Normal? Sabe o que fazem no fim de semana
as funcionárias do Nobuke?
Não saem do MSN e do Orkut
Nunca na vida pescaram ou foram surfar
Eu doutora, mais o Déo, quando ganhamos o nosso
metemos o pé na estrada, vamos viajar.

Mas você disse que já apanhou de cliente...
Sim, doutora, mas é diferente,
pra apanhar eu cobro em verdinhas
e o Déo vai junto pra dar moral

Lá na firma eu vi o gerente
chamar uma menina de burrinha
só porque ela errou uma nota fiscal
Me responde, doutora, não é tudo igual?
Ou melhor, igual uma porra
eu apanho mas embolso grana prum mes inteiro
à menina, tadinha, só lhe restou chorar no banheiro.


A doutora Laís Miyamoto está pensando seriamente em desistir do caso da Mary. Para ser sincera, até eu...Apanhar de cliente para ganhar dólares, Jesus! Falando nele, acho que só Jesus mesmo para não desistir da maluca da Mary.

Mary recebe uma carta

Presada e mui estimada irmã Maria Puríssima

Venho por meio desta dizer a irmã, que tocado pelo reconhecimento de minha concupissença (com-cú o quê?), senti necessidade de escrever-te estas mal traçadas linha, pois dei brexas ao inimigo para deleitar-me em lassívias e praseres (bom, reconhece né?), e sinto temor que a mão do Sinhor peze sobre mim (mão de quem? será que tem polícia no meio disso?), então estou deitando no papel o meu pedido de perdão (deitar comigo só no papel mesmo neném), a fim de que a irmã e eu ponhemos uma pedra sobre todos os fatos que envolveram nossas pessoa. (Ponhemos? no seu caso é punhetemos meu bem...) Pesso a irmã que se lembre que somos homem (somos não queridão, eu sou mulher e muito mulher) e que somos pescadores (ahhhh, agora sim), e que essa nossa naturesa pecaminoza começou em Adão e Eva (pronto, já vai meter os outros no meio disso), mas, eu estou pronto a seguir em frente se a irmã tambem prometer que vai colocar sobre isso a pedra da bença que é o perdao do nosso sinhor, e sigamos irmanados rumo a porta estreita que nos leva a patria celeste (êpa, eu não tô pensando em morrer não queridinho, Epahei Yansã!), e quero que saiba que o perdao do nosso sinhor sempre abunda (Ah, enfim uma coisa certa, sempre há bunda sim, há muita bunda!)

Esta carta Mary encontrou sob a porta do seu apartamento, o que dizem por aí é que o irmão e ex pastor Ronivaldo está se borrando de medo de que a história chegue ao conhecimento da irmã Batistina, a esposa dele, que até agora por incrível que pareça, é a única que não sabe que ele mais a sua concupiscência foram parar no apartamento da Mary, mais precisamente no meio das pernas bem torneadas dela. Mary leu e nem ligou, fez da carta uma bolinha que deu pro gato brincar, ela já tinha dado o caso por esquecido, ela já tinha se vingado, e Maryzinha não é de perder tempo chutando cachorro morto.

- Vambora, vamos pra luta, vá à merda seu filá-daputa, e dando risada foi pro salão, cuidar de sua depilação.

Bingo!

Pingo no pé nove é, disse a Mary batendo com força a porta da casa do Déo. Atacadíssima.

- Cruzes, fofa! Chupou limão, ficou azeda? Bom dia pra você também...eu heim...

- Cê joga Bingo, não joga? Então, não tem um pontinho no pé do nove pra gente não pensar que é seis?

- Xiiiiii, ela não está bem, vai um café amoreco?

Mas Mary estava irritadésima.

- Tem gente, Déo, que faz pouco da nossa inteligência. Saca um numerinho do saquinho, e com a pontinha da unha esconde o pingo, pra achar que faz a gente de tonta e pensar que é seis, quando e nove.

- De quem você está falando, criatura?

Mas Mary nem escutava:

- Olha, Déo, eu sou a rainha da cagada. Estou sempre metendo os pés pelas mãos. É por isso mesmo, que eu levo na boa as cagadas dos outros, mas assume pô. Que nem o pastor idiota, fez cagada mas assumiu, pronto, tá esquecido, falou que eu tinha demônio, mas estava era com vontade de me comer, o que só prova que tem bom gosto. Ok, pediu perdão, está esquecido. É um idiota, mas está esquecido. Agora, quer me irritar, é o cara aprontar e vir cheio de durex, fita crepe, band aid, tachinhas e cola prit, fazendo gambiarra na explicação, fazendo a gente achar que "não...você que não entendeu direito, você que tem problemas..." Problema eu? Só tenho problemas com gente dissimulada. Cagou? Chega e fala, olha, seguinte, caguei. No meio da frase o cara já vai tá perdoado, porque como eu disse, sou a rainha da cagada, de cagada eu entendo. Eu vou falar, você cagou? Cara, se você soubesse como eu cago... e tudo acabava aí. Mas não vem segurar com a unhinha o pinguinho do nove não, NAO VEM!

Nessa altura o Déo já entendeu de quem a Mary tava falando.

- Sabe Déo, quando a Maryzinha aqui nasceu, já vieram embutidos no programa duas coisas, aliás, vem embutido em todo mundo, mas EU faço bom uso, e ela falou isso batendo no peito. Uma é a inteligência. Outra é a memória, e a minha memória, fofo, é E-X-C-E-L-E-N-T-E. Então não vem não, não vem querer me enganar que nove é seis. Não vem com esparadrapo pra cima das cagadas não, e muito menos com perfuminho.

- É isso aí minha fofa. Não sabe brincar, não desce pro play. Agora toma esse cafezinho aqui toma. E eu já deixei separado um esmaltinho Rosa Morena pra você, um luxo. E quer saber, pensa assim: quem tá cagado e mal limpo é ele, não você. Pensa que tua bunda tá limpinha e cheirando a talco.

Então Mary riu, e mais calma aceitou o café.

Mary sagrada

Maria, puramaria
Mariíssima, Puríssima
Seladíssima
Maria Puríssima
Íssima

Belíssima
Santíssima
Issimamente ela
Issimamente bela

Já entenderam, não é? É o Déo, metido a poetisar. Sabiam que o nome do Déo é Theófilo? Theófilo Altair Tenório, ele detestava, achava um puta nome estranho, três nomes próprios num só? E o pior era que todos o chamavam de Théozinho, ele achava apelido de bichinha mauricinho, nananinanão! E lembrou do nome do avô materno, Adeodato Esteves, isso sim é nome de estilo, pensou. Mas Adeodato não iria servir para sua profissão, daria mais certo se ele fosse um contador, ou um despachante. Então ele deu um bom abatimento, virou Déo.

Mas agora que o Déo já saiu e foi pra vida, eu vou filosofar: Theófilo vem do grego, significa amigo de Deus. Adeodato vem do latim, significa aquele que foi dado a Deus. Mal sabe o Déo que seu nome não mudou nada.


Ele poderia simplesmente ter insistido para os amigos o chamarem de Théo, afe, como as pessoas complicam as coisas.

Mary tinha um presepinho

O natal sempre encontra Mary descontente
bate saudade, bate solidão
bate aquela tristeza funda
que ela não sabe explicar

Bobagem chamar pelo Déo
aquele se entope de calmante
até o Reveillon chegar.

Mary não tem coragem
de montar presépio
Virgem Santa, presépio é coisa séria
É o menino Deus na casa da gente
Eu, uma piranha? Nem pensar.

Mary chega na janela cinzenta, é um dia cinzento
vê um gato cinzento
andando por sobre um muro cinzento
e sente seu coração cinzento assim

É...tem jeito não
Quem sabe o presépio não fique
para o ano que vem
para a vida que vem...

Mas ela monta uma arvorezinha branca
com bolinhas pink
E bota uma estrelinha no gato, o Mei.

Mary reage e age

Xô, passa
Xô baixo astral!

Embora pra rua, embora passear
Embora pro shopping, estourar o mastercard

Comprar biquini escandaloso
Comprar vestido estiloso
Comprar baton sensual

Quequié, ô!
Aqui tem Maryzinha
Aqui tem mulher de luta
e cuidado com essa riminha!

Cadê meu tomara que caia
Cadê minha mini minissaia
Cadê meus tamanquinhos de pompom?

Tá tudo aqui, enciminha

Acabou a tristeza
Embora gastar, comprar, ficar um bombom
de gostosa,
pra se mostrar, pra se exibir poderosa
e pra botar comida na mesa

Final de ano de mal? nem pensar
Tá doendo? pega o pé e vai roendo
Duvidar vou desfilar na oficina do Rafa
Só pra ele ver o que está perdendo.

Caixa postal da Mary

Mary mandou avisar
que vai a Porto de Galinhas
com um carinha
e que só volta após o Reveillon

Ela tambem avisou:
Não quero ouvir nenhuma brincadeirinha
nenhum trocadilho infame
vocês sabem: Maryzinha, galinha...

Então estão todos avisados:
Bom!

The sound of music

Cortina flutuando na janela
querendo voar pela sala
espanando a preguiça de sair
e levantando a vontade
de sonhar, por aí.


Ah, vontade!

De usar o vestido de Scarlet O'Hara
ou cantar The sound of music
nos Alpes Suíssos?

Ah, vontade de não sei quê...

De ser última página de romance?
Acorde final de melodia?
Noiva percorrendo a nave?

Astronauta americano rumo ao céu
Notícia no jornal das oito
Prêmio Nobel!

Este como todos já desconfiaram, é o Déo preenchendo este espaço enquanto a Mary se espana por aí. O caso foi que ele veio dar uma olhadinha no apezinho dela, aguar as plantinhas, dar comida pro gato, e se sentiu lânguido a ponto de poetisar no computador dela. Deixou salvo no desktop pra ela ver. E a Mary, neste exato momento, está de topless, lagarteando ao sol, ancorada em Porto de Galinhas, com perdão do trocadilho.

Cuma?

Então uma bondosa freira estava cuidando de três bebês, e ela tinha que colocar supositórios neles. Supositórios todo mundo sabe o que é e onde se coloca, certo? Bom. Ela colocou no primeiro bebê, mas teve de sair do berçário para atender o telefone. Quando voltou, não lembrava mais em qual bebê tinha colocado.

Qual o nome da freira?

Não, não é o Déo substituindo a Maryzinha, que por sinal ainda não voltou. Parece que ela foi para Natal no Rio Grande do Norte, e de barco, com um bacana que conheceu. O Déo se cansou, jogou fora as plantinhas dela e levou o gato pro apê dele.

Esse sou eu, o narrador oculto da história, e estou pensando seriamente em parar por aqui. Sem a Mary e sem o Déo, só me sobram a Cida e o Rafa, e nem um nem o outro tem uma vida animada ou enguiçada o suficiente pra segurar essa história, que sem os enguiços da Mary não tem nenhuma graça.

Sou um autor a procura de seus personagens, ora vejam só.

Ficamos assim, responda a charada acima, e eu vou pensar no que faço.

Mary voltou

Mary voltou!

Morenaça, bronzeadaça
Sem essa de marca de calcinha
Mary se deitou ao sol nuinha
E falando em Mary se deitou,
sim, Mary se deitou.

Muito!

Beijou na boca muito, fez amor muito
Madrugadas e madrugadas de puro love
balançando num barco de bacana
e balançando, e balançando, e balançando...

Nessas horas Mary pensa
Ui! que bom que sou putana
Nunca que no escritório
eu poderia pagar essa vida
(se bem que Mary não pagou nem banana)

Atenção: eu disse não pagou banana...

E agora estamos todos contentes
Mary retornou lindaça
espertinha já garimpou novos clientes
já trouxe o gatinho de volta da casa do Déo
e agora está lá, espanando o apê
Apaziguada com Deus, feliz e de bem com a vida
E animada
Para alegria da rapaziada.

Mural



Mary vai logo avisando
se você quer conhecê-la
biblicamente
e nasceu antes de noventa
nem tente:

Só pagando.

A psicóloga podóloga

Mary resolveu estudar
vou tirar diploma, me formar
estudar o quê, fofa?
era o Déo perguntando
fofutcha, não me leve a mal
mas você era péssima no ginasial!

Pior que verdade é
lições de casa da Maria
era o Deozinho quem fazia

Não sei ela diz lixando a unha do pé
Vou ser psicóloga, podóloga, lá sei eu
diz que dá grana e dá status
vou ser respeitada e conhecida
como doutora, não como mulher da vida
cadê meu esmalte flor de lótus?

Sei não coça a cabeça preoupado o Déo
Filhinha, fica onde você está
fica na praia que tu já domina
Você não dá conta de ler um livro, menina!

Como não, diz a Mary
procurando no chão o potinho de algodão
quem diz que eu não leio, seu bundão
eu leio sim, eu leio Sabrina.

A Mary domada

Mary está puta com o Déo
Falar que eu não sei ler?
ele vai ver!
e Mary vai toda nervosa
numa estilosa
banca de jornais.

Ai meus sais!
quanta revista bacaninha
olha essa aqui, de modinha...
Não! fica aí, revistinha e o escambal
vou comprar livro de intelectual

Tiô, me mostra um livro bem bom
pra impressionar bacana
Esse aqui desse tal de sheik
lembra marca de regime de banana
parece bom, manda, quanto é a grana?


E lá se vai Mary pela calçada
feliz, impávida e colosso
Na verdade ela adquiriu
A megera domada
de Shakeaspeare
- um osso.

Quem será domada primeiro
a Catarina ou a nossa menina?
Só você voltando aqui
pra ver como esta história
termina.

Mary (in)domada

Mary folheia ao acaso
o livro do sheik enquanto aguarda
o doutor:

"Teu marido é teu senhor..."

Cumé que é?
que jurássico
depois chamam isso
de clássico?

Como é mesmo a palavra
que usa o Deozinho? fósseis?
Só pode, veja isso aqui:
"Acalmai-vos, vermes impotentes
e indóceis..."

Ora, vá se catá
impotente é a vaca que pariu esse sheikispir!!
Depois chamam essa merda
de literatura inteligente?!
Faz-me rir.

E assim devidamente assassinado
O sheik de banana na rua é jogado
Sim, na rua, certeiro como uma seta
Mary não é nada politicamente correta

- Ei, sua mal educada,
fala na rua
uma perua
(certamente mal amada)
você pensa que está na sua casa?

Claro que não
na minha casa eu não jogo lixo no chão
E não me enche sua broaca, vaza,
vê se despacha
senão eu encho tua cara de bolacha.

Então eu lamento ter de dar a notícia nada linda
que a experiência de Mary com Shakeaspeare
é finda.

Olha lá a Mary de novo falando com o moço da banquinha
Tiô, tem revista de cruzadinha?

Mary e os dois ovinhos

- Você sabe o que o Rafa teve a pachorra de falar pra mim?

A Mary e o Déo estão na fase baixa. Nada de programas, nada de grana. O Déo acaba de chegar de um cliente que pagou com cheque pré datado, pode? Ele teve de vir à pé, coitadinho, do centro da cidade. Foi direto pro apê da Mary atrás de uma gororoba, porque a geladeira dele estava mais vazia que igreja em dia de carnaval. Na geladeira da Mary, dois ovos e duas cervejas, cervejas que o Deozinho estava descendo goela abaixo pra esquecer a raiva e a fome. E a Mary fritava o penúltimo ovo.Isso tudo pra você entender o episódio de hoje.

Foi então que ele aproveitou a zonzeira da cabeça pra zoar com a Mary. Mas em dias normais ele zoa com ela também.

- Fofolex, você por acaso sabe o que significa a palavra pachorra? O Déo pra quem está entrando aqui justamente neste episódio, é um biba metido a culto, está cheio disso por aí.

- Pachorra? Ah, pachorra, sei lá, pachorra é...ai! e Mary queima o dedo na gordura que espirra e leva o dedinho na boca, e você taradão fica imaginando daí ela de calcinha fio dental pink de lacinho, as rendinhas entrando na bundinha bronzeada, sutiã meia taça pink com fitinhas amarradinhas em lacinho na frente, cabelão solto, bronzeadézima chupando o dedinho...

- Menina, você precisa aprender a pensar, fala o Déo com voz pastosa, ele não é muito acostumado a beber, e ainda mais de estômago vazio. Quando a gente não sabe o significado da palavra a gente substitui por outra que acha igual. Então o Rafa teve a? de falar pra você?

- Cara de pau! Imagina você que ele teve a cara de pau...

- Não garota, nããããão! Pachorra é calma, tranquilidade. Fleuma.

- Ah, minha avó tinha isso, diz que ela morreu fleumática!

O Déo que estava com a boca cheia de cerveja riu que esguichou na porta da geladeira, ei, seu porco, vai ter de limpar!

- Menina, você nunca que acerta uma, sua avó era asmática, larga de ser BURRA mulher!

- Foi o que eu disse, asmática,disse a Maryzinha cortando pãozinho pra esticar a refeição. Não é isso não?

- Vamos do começo, disse o Déo. O Rafa chegou pra você com a maior tranquilidade do mundo e disse...?

- Pois foi assim: eu ia ao Banco antes passei na oficina. Ele falou você vai ao Banco, vai não minha linda, dá a conta que eu pago e eu fiz que sim. Agora eu acabo de vir da oficina, buscar o boleto, e ele disse que usou a grana pra comprar um tênis pra ele, que eu prometi um tênis pra ele no natal e não dei. Não é um Pachorro?

Kiá, kiá, kiá, kiá, o Deozinho batia palmas e ria. Pachorro, essa é ótima. Ele fica lindinho quando ri assim, o olhinho verdinho esticadinho a kajal. Só você, Maryzinha, pra me fazer rir com gosto mesmo nessa merda de vida que estou levando. Você trocou tudo mas acertou, é por isso que eu te amo sua maria lôca. E vai botando um ovo aqui na mesa, peruamada. Só que o meu eu quero CU-zido pra combinar comigo que estou FU-dido.

- Você assistiu um filme que a mina enfiava um ovinho cozido na xana e depois botava? e ainda tinha cara que comia, cê assistiu? perguntou a Mary passando pãozinho no prato.

- Afe! Esquece o elogio, esquece o ovo, argh que me vira o estômago, menina, com você não adianta, você é maluca demais, tem café?

- Frio, na garrafa.

E foi assim que Mary ficou com os dois ovos só pra ela. Espertinha não? Pra se defender nessa vida não é preciso letra não, mas isso ela só pensou, e fritou o último ovo toda cuidadosinha pra não machucar mais um dedinho, e você que ficou esperando pra ver ela chupar o dedinho de novo, vai ficando na saudade. Quem sabe no próximo ovo.

Mary e a serva

Estava tudo tão feio pro lado da Mary
Tudo indo tão mal
que ela foi no terreiro
e na pentecostal.

No terreiro, o pai de santo
todo maneiro, disse
filha, não deixe de usar
tuas ervas de cheiro
E anota aí um ebó de primeira
é tiro e queda na cachoeira
E reza, reza muito pra tua yansã
que vai dar tudo muito certo
eu posso ver teu caminho aberto.

Na pentecostal quando Mary entrou
viu que o pastor não era mais o Ronivaldo,
que já tinha passado o ponto pra outro irmão
o irmão Sebastião Amado, menos safado.

Que lá de cima sentenciou:
Irmã, vejo um varão entrando na sua vida
Ih, irmão, o que não falta na minha vida é vara entrando
só que tudo varinha, nada de varão
porque ultimamente
eu só estou trabalhando com veião.

O irmão Amado é sério, deu uma tussidinha
Varão é um servo de deus em sua vida,
serva de cristo, irmãzinha
Ai gisuiz, será que chegou a minha hora
de pegar o Rafinha? e Mary ficou toda animadinha

Venha aqui na frente irmazinha amada
e lá se foi ela, pra alegria da crentaiada
o shortinho jeans estourando na coxa bronzeada
e uma blusinha que era tipo um aventalzinho
só cobria a frente, quem ficava de lado via tudinho
empinadinho.

E reza que reza, agora é crer
disse o irmão, que cuidadoso,
com medo de sua mulher ficar cabreira
pediu a ajuda de uma tal de obreira.

E foi assim que foi
Mary terminou feliz seu dia de devoção
Pai de Santo, Irmão, Varão
Agora vai, pensou,
e pensando lembrou que o pastor a chamou de serva.

Serva? olha que idéia boa pra terminar
um dia tão legalzinho
E pelo celular chamou o Deozinho
Só se for agora, respondeu o amiguinho
e já vai pedindo um salaminho e um queijinho.

Mary e o balonê murcho

Mary se enfiou num balonê pink
sandalinha pink de pompom
bolsa peludinha pink em formato de coração
e assim toda fofa e empacotada
mais parecendo um sonho de valsa
foi na oficina do Rafa

Quéde o Rafa? sei não disse o rapazinho
já olhou ali no barzinho?

Xi, e não é que ele estava lá, num canto?
mal sinal, quando o Rafa encosta ali
ele enxuga de um tanto.

Vambora Rafinha, vem com a Maryzinha
Quié que tu tem meu, que bicho te mordeu
conta pra mim
tu não é de beber assim...

O Rafa tinha bebido e cheirado
Menina, fu-deu
A Cida tá esperando
e o pai diz que sou eu

Mary ficou uma arara
E tu vai caí nessa seu babaca
A Cida, aquela vaca?
Não Maryzinha, eu sei, fui eu sim
Homem não sabe de nada
coisa mais facil que tem é enganar panaca
vai sustentar o filho do mário
vai, otário.

Agora Mary está sozinha no apê
se olhando no espelho
o balonê murcho e desconsolado
num canto jogado.
Putz, caraca, que foda,
agora perdi mesmo aquele pentelho
que merda de cida
que merda de vida
nem um filho aquele pôrra me deu
aliás, ali só quem deu fui eu.

Ligou pro Déo que veio na buxa
Já sei de tudo mariúcha
e do jeito que a Cida é esperta
agora é casamento na certa...

Mas ele chorou junto com a chorosa
debaixo do edredon cor de rosa um instante
fazer o quê, chorar no quente...
depois teve de ir, tinha um cliente
mas antes providenciou um calmante.

Cida

A Cida já estragou três unhas no salão. Não para não para não para de pensar não. Que encrenca meu Deus, outro filho pra criar? mas eu já tenho o Mateus, que quase não consigo sustentar...Que cagada, que grande burrada, ai tia, que me tira um bife, desculpa fia, tô com a cabeça num pique. Não está bem vai pra casa então, o que não pode é ficar tirando bife de cliente no meu salão. Desculpa dona Norma vou tomar mais atenção. Diz que tem um comprimido, será que pra dor de ouvido? que resolve tudo num momento, arranca até pensamento, duro é não lembrar e não posso perguntar. Perguntar pra Ivonete ela se mete a espalhar pro mundo, perguntar pra dona perua ela me manda pra rua. O duro que só quem sabe é a putana ou a bichinha, nunca vi gente mais entendida do que gente vadia que faz vida. Uma esticada na bolsinha, uma ligadinha, alô, quanto? É tanto, um em cima do outro, não pode vir acompanhada e só com hora marcada. Imagina meu Deus, é mais que eu devo de aluguel, é se humilhar e perguntar pra vadia, nem atrasando as casas bahia eu consigo essa quantia. Mas é o certo de se fazer, botar no mundo um filho de um cara que vai dar pra ele o quê? uma vida ainda mais micha? um cara que vive enroscado numa puta e numa bicha? Até que ganha o seu bocado, mas gasta tudo com farra e baseado, não dá meu Deus, preciso dar exemplo pro Mateus. Alô, olha, tu já deve tá sabendo e eu não tô a fim de ocupar teu ouvido, cê pode me dar o nome do comprimido...Mary embora puta com a Cida, tem o código de honra de mulher da vida, e solidária diz olha, tira o filho do Rafa não, se duvidar eu até ajudo a criar. A Cida fica uma fera, era só o que me faltava nessa luta, criar um filho com a ajuda de uma puta, e bate pam o telefone e Mary fala vá se ferrar tu e teu filho pentelho, quem pariu Mateus que balance, mas só quem ouve é o tum tum do aparelho. Mary procura um cigarro, não tem isqueiro, acende no fogão, bate remorso no coração, liga, olha, eu tenho um monte aqui do comprimido, e fique você sabendo que não é pra dor de ouvido, é forte e tá proibido, pode até matar, melhor tirar, mais garantido, eu te arranjo a grana então. Pode deixar diz a Cida num tom mais maneiro, minha prima vai me dar o dinheiro, eu vou pagar no décimo terceiro...e as duas desligam junto sem mais assunto. Passa um dia passam dois, a Cida está de volta no salão, já sarou do inventado resfriado, na bolsinha, escondidos, os comprimidos que não são proibidos, binotal, metergim...e a vida segue, segue sim...

Mary e Zaqueu

"Como Zaqueu
eu quero subir
bem mais alto
que eu puder
só pra te ver..."

Mary cantarolava essa canção
enquanto subia a escada rolante
Deozinho, essa música
não me sai da cabeça
um instante, me diz meu,
quem é esse tal de Zaqueu?

As tempestades são passadas
E o Déo e a Maryzinha
foram ao shopping comprar blusinha
Veja essa, Mary, que divina, que luxo
"essa" é um topezinho
que só cobre o bico do peitinho
que junto com uma mini sainha rodada
não escondem nada nada
Mary toda assanhada
tira da bolsa o cartão
e sai da loja feliz, de compras carregada.

Depois, na hora do sorvete,
Veja, Mayzinha, Zaqueu foi um tampinha
um pintor de rodapé
que queria chegar perto de Jesus a qualquer custo
então ele apelou pro expediente
de subir numa arvorezinha
Fez isso pra ser visto
mais facilmente por Cristo.

Olha aquela blusinha! a de brilho? não
a pretinha de veludo
com fitinha de strass amarrando atrás? não é demais?
pra mim ou pra você? ah, pra gente
eu uso de dia ce usa de noite, é cara...
a gente parcela, vamos, foram.

Horas depois, no café, a Mary volta pro assunto
Bixuca, Jesus não é o Homem Deus
que está sempre junto da gente?
Se a ele eu quero seguir
não preciso me aparecer nem subir
Ele não me acha,
aqui, em casa, no motel ou no escambal?
Se ele está dentro de mim
onde eu for ele não vai comigo, na moral?
diz, meu amigo, pra que me mostrar
pra um Deus que já me conhece?
Me mostrar eu me mostro pros mano
e vivo entrando pelo cano
Já Nosso Senhor eu penso que me pertence
assim como esse café quente
que entra macio pra dento da gente.

Veja bem, Mariucha, é que...
e eles se afastam e eu não ouço o final
e eu fico aqui no Café pensando, meu,
que mensagem linda essa periguete deu.

Mary e a galinha

Diz que quando Deus fez o mundo, todos os bichos foram reclamar, mas na maior moral.

- Oh poderoso Senhor dos mais altos céus. Era a girafa. Meu pescoço é grande demais. É muito complicado.

- Senhor poderoso das alturas, fez a raposa. Todos me odeiam. Assim não dá. Reconsiderai, ó Soberano.

- Excelso Pai (o que é excelso?!). O gambá. Nem eu aguento meu peido. Afe!

- E eu, ó Poderoso Rei dos Céus, falou o porco espinho. Eu simplesmente não consigo me relacionar com ninguém, não consigo nem chegar perto pra discutir a relação!

E todos os bichos se queixavam, antes fazendo toda aquela presepada, maior xavecação pra cima de Deus. Mas aí entra a galinha, e já vai batendo com toda força a porta da sala do trono atrás dela:

- Não quero saber de conversa: ou diminui o tamanho do meu ovo ou aumenta o tamanho do meu cu!!

- Cloaca, loira burra, cloaca. A galinha não bota ovo pelo cu, o ovo sai pela cloaca.

E Mary mandou o Déo à merda. Mania desse sabidinho, ficar consertando tudo o que eu falo, a piada é minha e eu conto do jeito que eu quiser. E foi embora, batendo a porta, invocada feito a galinha da piada. Mas o Deozinho correu até a sacada: ah, e excelso é quem tá por cima, feito eu, assim.

E eu nem vou contar pra vocês qual foi o gesto com o dedo que a Mary fez.

Mary fiscal eletrônica

- Alô?

- Alô "senhora", aqui é do Lar de Caridade Casa dos Pequenos Abandonadinhos de Cristo e...

- Abandonadinhos de Cristo, então vá reclamar com Cristo, o que é que eu tenho com isso? irritou-se Mary enrolada na toalha de banho e pingando no carpete, sensualíssima e atrasadíssima para um programa.

- É que nós estamos pedindo donativos para as criancinhas e...

- Não! desligou irritada a Mary, eu exijo camisinha, não coloco pobrezinhos no mundo pra depois jogar pra Cristo.

Mas Mary tem um coração.

Ela vai ligar de novo, pensou Mary enquanto passava creminho nas magníficas pernas bronzeadas. E eu vou ensinar o pulo do gato pra ela. De pulos de gato Mary entende, e muito.

Não deu outra. Alô? aqui é do Lar de Caridade Pequenos...

- Filhinha, respondeu Mary lixando uma unha pink partida, eu vou ser bem rápida, por isso preste bastante atenção: vocês já pensaram, em vez de encher o saco pedindo donativos, pedir que enviem pra vocês os créditos da Nota Fiscal Paulista? as pessoas não gostam muito de meter a mão no bolso, e esse é um outro jeito. Ela queria lembrar da frase "método alternativo de doação" que o Déo tinha lhe ensinado, mas a frase não vinha.

- Nota fiscal o quê, "senhora"?

- Meu benzinho, minha fofa, estou ocupada, procure na internet. Na verdade ela não sabia explicar muito bem. Existe um jeito de receber o dinheiro de um imposto de volta, esqueci agora o nome do imposto. ICMS fofa, disse mais tarde o Déo, ICMS, o governo está devolvendo uma parte do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços aos contribuintes. Mary não entendeu bem essa parte.

- Então, veja lá no site do governo que eles explicam tudo, esse manei a gente pode dar pra quem a gente quiser, inclusive pros esquecidinhos de Cristo. Falou? Então xau.

E lá foi Mary passar reparador de pontas no magnífico cabelo escovado, creminho cheiroso nas magníficas mãos manicuradas, procurando a chave do carro e pensando: que gente mais boba e desantenada meu gizuis.

Seguindo depois no trânsito, não é que a Maryzinha pensou em ela mesma sair pedindo os créditos desse tal de imposto aí pros seus clientes? Uia! O que mais tem é véio babaca, que faz tudo o que eu peço...Não era uma boa? Não, melhor não, vou sim é ensinar os caras a se cadastrarem no site e enviarem essa grana para os pobrezinhos de cristo, afinal, o que esses maledetos mais fazem é embuchar coitadas e despejar coitadinhos no mundo.

Viram só? Garotas de programa com consciência social, novos tempos. Esse povo tinha que aprender as pegadas e parar de mendigar, pensou Mary, chega de largar pra Cristo, e deu um buzinaço pra cima de uma dondoca lerda e distraída, estava atrasada pro seu cliente porra, vá se catá perua velha, lesada, vai se botocá!!!

Mary e o tiozão

Não é sempre que Mary pula
pra cima de cliente
Mary é uma garota de programa genial
que leva uma vidinha a meu ver muito legal

O dinheirinho deu pras contas?
pro aluguel, pro telefone, pro leitinho do gato?
sobrou? ela vai surfar, esqueitear
Sim, Mary adora skate, ela mais o Déo.

Deve ser por isso que todo mundo
morre de inveja
Pode isso? ser puta e ser feliz?
Puta e de bem com a vida?
E eu não resisto a uma riminha boba
e contar que quem fala assim é a Cida.

Ontem mesmo ela estava com a bolsa resolvida
conta zerada, tirou o dia pra fazer nada
e fazer nada, claro, é no xópão.

Eis que vem um tiozão
Todo tiozão é sem noção
Se acham, pensam que têm vintão:

Te conheço de algum lugar minha princesa?
Chamou mina de princesa, batata, é tiozão.
Nessas horas Mary perde o cliente mas não perde a piada
Deve conhecer sim, tio
eu sou recepcionista de uma clínica
que atende homens com dificuldade
de ereção.

Mary e o negócio agridoce

Mary arrumou um bico
e ninguém fique pensando besteira
bico é bico mesmo
um trampo de última hora
numa Feira:
Manejo de Pastagens Business.

Maryzinha de cristo,
vamos por partes, feito o jack
O estuprador? pergunta Mary
Maluca, foco, meu jezuiz!
essa do jack eu explico depois

É o Déo explicando. Tentando.

Não, não é feira de buzina
Ok? entendeu até aqui menina?

(Desculpem, eu parei pra rir um instante
porque explicar essa pra Mary
é dose pra elefante
Eu sinceramente não faço idéia
de como isso irá terminar
fique aqui pra rir comigo,
vambora, vamos continuar)

Business é negócio em inglês, OK meu bem?
Ah que legal, então meu negócio
chama-se business for man!
disse a Mary, inventando um torto inglês.

Mary, foco, não muda de assunto
e o teu negócio tem um nome que é bem outro
em em qualquer lugar do mundo.

Vamos lá. Manejo.
Manejo é a maneira correta de manusear
entende que vem da palavra mão?
Já sei, é o que eu faço pros mano
que não tem grana pro serviço completo
é p...MARY!!!! eu tô careca de saber
o que você faz com a mão,
eu e os quatro pontos cardeais da região
Ah, pó pará, cardeal eu nunca peguei não
é sacrolégio, é sim, aprendi no colégio
PARA MULHER!!! que eu estou me enrolando
que eu estou me perdendo
não é sacrolégio, é..., esquece
vamos em frente, entendeu o que é manejo?

Claro, eu não sou bobinha
Os caras lá vão explicar
como é que se pega nas pastas.

Pastas, Mary, que pastas?
Ué...manejo de pastagens
não é negócio de arquivo, essas bobagens?
eu fazia isso
lá no Dr.Nobuke
eu manejava muito bem
já cheguei a manejar até o do Nobuke
pequenininho de fazer dó...MARY!!!
Jesusamado! você tomou chá de cipó?
Manejo de pastagem é coisa séria
é agropecuária, que é o seguinte...
Ah tá, disso eu manjo
o rolinho primavera tem um molho agridoce
de comer de joelho, meu anjo.

AI JESUIZI!!! comer de joelho
e alguém tira o joelho pra comer?

Ah, quer saber?
Isso tá virando papo de louco
e você não precisa disso nem um pouco
Mary, faz o seguinte
vai pra Feira com aquele jins bem apertadinho
de rasgadinhos na coxa e florzinhas de strass
bem baixinho de cintura, e sem calcinha
e aquela baby look branca coladinha
escrito Mary em purpurina na frente e Love atrás
sem sutiã, e salto bem alto, e pronto.

Ah tá, então porquê não falou logo
precisava enrolar desse tanto?

Tabela de Preços

SE TU TEM MENOS DE DEZOITO

Esquece bebê. Se contenta com as revistas pornô do papai, aquelas que você sabe direitinho onde ele esconde da mamãe.

SE TU TÁ COMPLETANDO DEZOITO

No dia do teu niver, trazendo RG, é "de grátis", meu, tu vai conhecer o significado da palavra grátis, e principalmente a palavra gratidão.

SE TU TEM ENTRE DEZOITO E VINTE E CINCO

E cair no gosto da Mary, é gratis também.

ENTRE VINTE E CINCO E TRINTA E CINCO

E se provar que votou no Lula é meio salário mimo. Não provando é um.

ENTRE TRINTA E CINCO E QUARENTA

E for palmeirence, esquece. ESQUECE.

DE QUARENTA A CINQUENTA

Espera na fila

MAIS DE CINQUENTA

A Mary manda uma caixa de aveia via sedex, e pede pra tu esquecer que ela existe. O Deozinho tá rindo dizendo que pode escolher entre uma caixa de aveia ou um livro de poesias de Olavo Bilau, Bilake, BILAC!

OUTROS PREÇOS

Barba, cabelo e bigode: Caro pacas.CARO PACAS.

Só barba, ou só cabelo, ou só bigode: Meu, tu é pobre, vaza.

Fantasias eróticas: olha, a Mary faz, mas tipo assim, se tu tem dinheiro pra pagar, era melhor tu se tratar. Todas MENOS sadomasô, vá se tratar cara.

OUTROS

Desempregado: não. Marido de mulher grávida: também não. Homem que bate em mulher: nunca nunquinha. No apê da Mary: nem pensar. Pra deitar no box fofo de lençóis e travesseiros de cetim rosa e edredon fofíssimo branco de coraçõezinhos pink, repleto de almofadas de corações e ursinhos de pelúcia do quarto da Mary, só casando com ela. Macho deitando lá por enquanto só o gatinho preto de coleirinha de veludo pink com strass, o Mei.

Pra alegria geral da nação

Então nas campinas verdejantes de Belém, eis que Jesus se levanta, os discípulos todos deitados refastelados de peixe e pão, e brada:

y=2ax+b!!!

- Mestre! o que dizes? é Pedro, assustado.

- Nada...uma parábola...

Piada bestíssima, eu sei, aliás foi assim mesmo que eu a encontrei, eu teclei piada besta no google.

Sim, sou eu, o narrador oculto, a Mary é que não podia ser, essa piada aí nem mesmo o Déo.

Sinal de que nenhum dos dois está aqui, foram pra Fernando de Noronha com o limite do cheque especial, que cheque especial na opinião deles é pra isso.

E eu fico aqui, novamente, sem assunto, sem saber o que escrever, enquanto aqueles dois malucos se divertem.

Paciência, não é a primeira vez nem será a última.

Mary voltou

Mary voltou!!

Sinal que o cheque especial acabou

Eu não disse?

Mas e esse gerente, será que comeu coco?

geeente...

Dar dez mil de limite

p’ruma doida sem limite

mais um amiguinho lôco...


Pois é, estourou.

A mocinha do Banco liga tanto que dá dó:

- Não mora Mary nenhuma aqui não!

Ela se irrita lixando uma unha partida

até porque o nome dela não é Mary mesmo

Eita! Cada gerente burro que só...


A viagem foi boa toda vida

E Maryzinha não ficou só em Fernandinho

alugou um barco meia boca, um barquinho

E correu toda a costa do Brasil

ao lado de um gato bem varonil.


E o banco? Ora, o banco que se foda, ele é ricão

Vai fazer falta esse especialzinho prum bancão?...Mas a nossa Mary

Caloteira não é não, era só preguiça...

E sabemos que ela sempre dá os seus pulinhos

que neste caso foi na oficina do Rafa

o tonto apaixonado e maravilhado com o seu belo bronzeado

comprou seu carro muuuuito acima do valor de mercado.


E agora ela está indo ao Banco, no taxi do seu Honório

portanto sem pagar a corrida

levando pra depositar o dinheirinho de contado

Ufa! E não é que ainda sobrou

prum vestidinho curtinho e decotado?


E lá se foi a nossa periguete ao shopping, feliz da vida.

Aliás, cá pra nós, doce, doce vida.

Mary e os alagados

Deozinhô?
Ô!
O que a gente pode fazer
por esse povinho
que está até o pescoço
nesses alagamentos?
Mandar mantimentos?

O Déo parou o garfo a meio caminho
Maryzinha preocupada com algo
que não fosse seu lindo umbiguinho?

Liga não fofex, liga não
metade do Brasil se mete a bonzinho, meu bem
arroz, feijão e óleo todo mundo tem
já solução...

Mas o que o governo devia fazer?
- pergunta Mary, tentando entender
Fofa, é secar gelo
Mas fala ô! - Boa vontade, mô!
Coisa que governante não tem.

Tá... Deô? – ham...
Quantos mil brasileiros tem?
Não é mil, é milhões meu bem
E mais de cem.

Tá. Mais de cem
Tirando bebê, e criancinha
e velhinho e sei lá, doente
O povo que restar
não podia rezar
uma reza geral
uma reza em rede nacional?

Mary, você voltou pro chá de cipó?
Flor, esquece, a gente reza só
quando o problema é da gente
não do povinho. Só quando a água
tá no nosso pescocinho.
Sei. Tá. Mas ajudava?
O quê? - Rezar. Todo mundo junto
Rezando pro mesmo assunto...

Mary! Fui. Fui à luta. Fui trampar.
Ai ai ai!
Kiss kiss, bêjo miliga, bai bai.

Mary ficou sentada juntando miolo de pão
Aí foi se vestir pra matar, e só mais o tempinho
de se maquilar
E foi pra igreja, foi rezar
pros coitados dos alagados
Depois, seguiu pra vida, caçar cliente
Que janeiro é um mês muito maneiro
de ganhar dinheiro.